quinta-feira, 22 de março de 2012

It's always paintful say good bye


E agora essa droga de episódio me fez lembrar daquele dia. Da nossa última conversa. Daquele seu último olhar de ‘vai ficar tudo bem’. Do meu medo por você, por mim, pela minha irmã. Pela forma como eu me sentia estupidamente impotente e me odiava a cada segundo por isso. Sobre como eu queria te proteger apesar de isso ser impossível e idiota da parte de um garoto de 15 anos pensar. Sobre como eu só dei um beijo de até mais tarde, sendo que não seria até um mas tarde e sim um para sempre. Eu me lembro do meu pai dizendo: “Pedro, para, aconteceu, acabou.” chorando e querendo que aquilo não tivesse acontecido tanto quanto eu. Eu me lembro do fato de que eu esqueci de tudo por aquele momento e apenas fui pra casa e ver você lá, no leito, fria, sem vida, mas com um sorriso, um sorriso de que tinha ido em paz e feliz de seu filho não ter assistido a sua passagem.
Eu me lembro da missa, onde todas aquelas pessoas que eu aprendera a respeitar e gostar se tornaram a minha segunda família. Eu me lembro de nenhum deles querer soltar a minha mão, nem se desvincular do abraço. Eu me lembro deles pedindo pra eu ter coragem e ter força enquanto eu simplesmente não me achava forte, tão pouco corajoso. Eu me lembro do funeral, onde eu não conseguia chegar perto de você. Em como eu queria que aquilo fosse apenas um sonho ruim e como eu queria acordar de uma vez e ver você sorrindo, fazendo alguma brincadeira como a gente sempre fazia.
Eu me lembro de como eu fiquei depois, como eu passei os primeiros meses mal, em como eu queria um tempo só pra mim, só pra pensar. E todos faziam questão de não me dar esse tempo por medo que eu fizesse alguma besteira. Eu lembro em como eu briguei com eles depois.
E agora isso tudo me volta a mente, mas de uma forma até certamente boa. Porque se não fosse por tudo isso, eu não seria quem eu sou hoje. Se não fosse por isso, eu não iria ter essa visão de mundo que eu tenho  .
Mas ainda assim, por mais que isso soe totalmente egoísta da minha parte, eu queria que você estivesse aqui comigo, eu queria que você me desse aquele abraço que eu tanto sinto falta. Eu queria que você risse das minhas histórias como você ria. Eu queria só poder ter conversado com você mais uma vez. Eu queria que você estivesse aqui, me vendo ganhar, chorando mas seguindo em frente assim como naquela primeira hora da saída do Elza Campos. Gritando: “Mãe! Eu consegui! Foi difícil, mais eu consegui!” Eu queria que você pudesse ver como eu tô feliz agora, como as coisas tem andando. Eu queria poder ouvir aquilo que você iria dizer. Eu queria. queria. Eu.
e.

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