quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Um grande D&D

Hoje eu tive um sonho que realmente havia me perturbado. Um sonho que me fez perceber como as vezes eu tenho mania de controlar tudo e todos a minha volta. Ele me fez lembrar de uma parte de mim que eu sequer gosto de lembrar que existe. Uma parte de mim que se eu pudesse, eu colocaria num baú e nunca a tiraria de lá. E lá ela ficaria trancada, não só para o meu próprio bem, mas pro bem dos outros.

Mas essa é a coisa ruim sobre o nosso "lado negro". Ele está lá, e está lá. Não tem como você simplesmente deletá-lo ou se livrar dele. Ele faz parte de você. Ele faz quem você é. E não adianta. Depois que você cresce - e não digo aqui num sentido de tamanho, mas de mentalidade mesmo. - você cresce e ponto. E tentar fazer o caminho inverso não ajuda.

E mesmo assim eu tento.

Não porque eu tenha uma síndrome de Peter-Pan e queira ser criança pra sempre. Eu também acho que é isso, mas não é bem assim. A verdade é que eu tive que enfrentar a realidade e a dor de ser adulto muito antes do que seria saudável. Me fez forte. Sim. Hoje eu sei que sou uma pessoa infinitamente mais forte. Mas também me fez mais frágil. E eu tenho noção dessa fragilidade. E o fato de ser forte e frágil ao mesmo tempo é um paradoxo que em irrita profundamente.

E eu sempre tive essa necessidade de passar que "tá tudo bem" quando não tá tudo bem. Eu sempre tive essa atitude do "eu vou dar um jeito." "eu consigo" quando eu sabia que não conseguiria sozinho. E mesmo assim eu tento, e quebro a cara muitas das vezes.

A verdade é que eu precisei ser adulto tão cedo que talvez eu esteja vivendo a minha adolescência só agora. E ser adolescente com a cabeça mais velha não é a coisa mais normal que existe.  E talvez seja por isso que eu tenha tantos buracos e as vezes tenha vontade de não sair da minha cama.

As vezes eu acho que desembuchar e desabafar não é o suficiente.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Day 9

Someone you wish you could meet

Não é que eu não o tenha conhecido. Isso não é verdade, porque de fato eu o conheci. Mas eu era muito pequeno, não sabia direito de nada, era apenas uma criança de 4 anos quando tudo aconteceu. Eu lembro que você estava muito doente - o que depois eu vim a descobrir que era um câncer no intestino - e que logo você iria "morar com o papai do céu".
 Eu queria que você tivesse me visto crescer. Eu queria que você me visse hoje. O que você acharia de mim? Eu não sei. Eu fui o neto que menos tive convivência com o senhor por causa da minha idade. Mas eu me lembro de você.
 Eu me lembro das coisas. Eu me lembro de você molhando o biscoito de maizena - habito que eu peguei e, até hoje faço, admito - eu lembro de você lendo o Jornal, ajudando o Renan com os exercícios de matemática. Lembro de você mandando a gente fazer fila pra entregar os pacotes de figurinha que você comprava todo dia no jornaleiro pra gente.
Não lembro de como era o seu temperamento. Na verdade, eu tenho uma lembrança muito vaga de como você era. Mas eu te amei. E te amo. Você pode ser o avô que nunca conviveu de fato comigo, mas você tem um espaço igual para com os outros. E como eu posso amar alguém que eu se quer me lembro? Não sei. Só amo. Só sinto o carinho. De fato quando nós somos menores nos apegamos menos as coisas e as pessoas porque não passamos tanto tempo assim com elas. Tenho certeza de que se eu tivesse te perdido hoje seria infinitamente pior.

Esteja em paz aonde você estiver, vovô.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Milhões de estrelas coloridas

Rumo ao infinito, tudo faz sentido


Hoje foi oficialmente o meu último dia como 311. Meu último dia como terceroanista, tercerista, visigodo, candidato ao vestibular em série terminal ou qualquer nome que você queria dar.
É uma sensação de alívio e aperto. Não sei como explicar direito. Alívio porque depois desse fim de semana só vai faltar uma prova e eu não vou ser obrigado a ficar assistindo aulas que eu não preciso mais pra passar de ano ou pra minha específica. Alívio porque o meu horário vai ficar mais humano. Alívio por eu poder ter mais tempo pra dormir, fazer as minhas coisas, até estudar em casa mesmo.

Mas aí vem o aperto.

Não dá, quando você se acostuma a um ritmo, por mais que você reclame, quando esse ritmo mudar, você vai sentir falta. Eu vou sentir falta de olhar pra cara das pessoas que faziam meu dia ficar engraçado ou que me deixavam extremamente puto. Eu vou sentir falta de cagar em aulas inúteis, vou sentir falta de levar susto com o meu professor de química jogando a cadeira no chão enquanto eu tô fazendo o exercício.
 Eu vou sentir falta do "Coé galera! Senta senta aê!" do professor de geografia e até dos comentários sobre "como as garrafas que são vendidas no mercadão de madureira são infinitamente mais baratas que as da 28 de Setembro " feitos pelo professor de atualidades.
 Vou sentir saudades do meu professor de química inorgânica fazendo exemplos geniais. Vou sentir saudade da minha professora de gramática pedindo abracinho.
Vou sentir saudade da professora de redação nos "ensinando a usar a língua", vou sentir saudade dos trocadilhos pouco engraçados da professora de fisiologia e até da voz de gralha da professora de citologia. Ah, e claro, as histórias de viagem da professora de Inglês que perguntou aonde ficava a Drugstore e não a farmacy em Amsterdam.

E aí eu vejo todos eles se despedindo, e apenas no final eu percebo que, pra alguns deles, aqueles que eu não vou ver mais: É pra sempre. E isso é perturbador e bom ao mesmo tempo.

Porque quando a gente tá na escola, a gente sempre espera que acabe logo, mas quando de fato acaba, é uma sensação estranha. E eu sei que grande parte desse sensação se dá pelo fato de a gente passar tanto tempo lá que aquilo lá vira a nossa casa e a a nossa casa vira um mero dormitório.

Hoje, um dos nosso professores disse: " Que vocês aproveitem a vida de vocês. Façam merda mesmo,Vivam a juventude de vocês. Vivam a vida.Transem muito, bebam muito, beijem muito na boca. matem aula no bar em frente a faculdade pra tomar chopp. Cês estão na idade disso. Tomem porre. Mas não peguem no carro. Não peguem em drogas. Não acabem com o maior bem que vocês tem: Com o corpo de vocês. a essência de vocês, a vida que vocês possuem, que é só uma. Que vocês seja felizes, que qualquer força que vocês acreditem que reja vocês: seja Deus, Jesus, Alah ou qualquer outra, ou mesmo até nenhuma; possam guiar vocês sempre. Que vocês tenham consciência de que, agora, é com vocês. Não vai ter orientadora, não vai ter coordenador. Se você copiar matéria, que bom; se você não copiar, FODA-SE. É a vida de vocês que vai tá em jogo, é o sucesso profissional de vocês. Mas não surtem, não deixem que os estudos consumam vocês.  E que, mais uma vez, cada um seja muito feliz e siga o seu caminho."

E ouvir tudo isso me deu uma ansiedade e um medo e uma animação pelo que está por vir. Pelo que eu ainda vou rir, sofrer, chorar, cantar e tudo mais. Eu devo tá divagando loucamente e falando um monte de merda aqui. Mas é o que eu tô sentindo. Se isso é truestory ou não, isso a gente vê depois.

Eu só sei que, apesar dos apesares, eu vou sempre sentir orgulho de ter sido 11. Porque os anos vão passar, talvez até as pessoas, mas as lembranças não.

Forever Elevens.

Vai ser bem melhor.